Nova Era se oferece para comprar Supermercado Gonçalves e dá esperança a ex-funcionários

Em crise desde 2016, quando entrou com pedido de recuperação judicial, o Supermercado Gonçalves deixou de honrar seus compromissos, inclusive com os seus funcionários. As lojas Porto Velho, Ariquemes, Buritis, Ji-Paraná e Rio Branco fecharam as portas em abril de 2019 e a empresa teve a falência decretada em julho. A partir desse período, mais de mil funcionários ficaram sem receber salários e direitos trabalhistas. Desde o início da decretação de falência da empresa, ao menos uns três administradores já assumiram o comando e foram substituídos. Agora, quem está à frente, é um escritório de advocacia.

Os empregados agora querem que os administradores e a Justiça aceitem a proposta apresentada em agosto deste ano, pela rede de supermercados Nova Era, com sede em Manaus, de comprar três lojas da massa falida em Porto Velho. A empresa amazonense ofereceu R$ 20 milhões pelos imóveis das avenidas Jatuarana, Calama e Abunã.

O pedido dos sindicatos e advogados que representam a categoria no Judiciário foi pela adjudicação (ação que atribui para alguém a posse e o domínio de bens) das lojas. Ou seja, que elas sejam vendidas para pagar as certidões de créditos obtidas pelos trabalhadores na Justiça do Trabalho. A dívida com os trabalhadores também é de R$ 20 milhões, segundo os sindicatos.

A proposta é tida pelos trabalhadores como uma esperança de receber mais rapidamente os direitos e reconquistar um trabalho, já que na proposta, o Nova Era se comprometeu a ofertar possibilidade de emprego aos trabalhadores por meio de processo seletivo.
Para os advogados que representam os trabalhadores, é muito importante que a Justiça e os responsáveis pela massa falida vendam esses imóveis, cujo valor ofertado é suficiente para quitar os débitos trabalhistas.

Os trabalhadores estão revoltados com a decisão do advogado da administração judicial, que aceita apenas vender os prédios através de um pregão. Os trabalhadores, contudo, tem pressa. A maioria deles contraiu dívidas e precisa de um desfecho rápido dessa situação. “Se tem quem compre as lojas, por que esperar por leilão?”, reclama um deles.

Na segunda-feira,  os trabalhadores realizaram manifestações em busca de uma solução. Eles querem que os administradores revejam essa situação e aceitem a proposta da Nova Era porque isso abririam não apenas a possibilidade deles receberem seus salários atrasados e direitos trabalhistas, como muitos deles poderiam ter seus empregos de volta, visto que o comprador pretende colocar os supermercados fechados para funcionar e contratar muitos desses ex-funcionários do Gonçalves.

ATUAÇÃO DO SITRACOM
O Sindicato dos Trabalhadores no Comércio de Bens e Serviços de Rondônia – Sitracom- através de sua diretoria e corpo departamento jurídico sob o comando do advogado Ezequiel Cruz, estão empenhados em apoiar essa causa dos trabalhadores. Com sua base de atuação no interior do Estado, o Sitracom-RO tem dado suporte especialmente aos ex-funcionários desse grupo empresarial em Ariquemes, os quais clamam pelo recebimento de salários atrasados e também de seus direitos trabalhistas que até hoje não foram pagos.

HISTÓRIA DO SUPERMERCADO
O Supermercado Gonçalves começou suas atividades em 1990 na rua Guanabara, em Porto Velho, com a inauguração da primeira unidade fundada pelo empresário José Gonçalves da Silva e a esposa, Benedita Cândida.

Nos anos seguintes foram abertos outros nove supermercados em Porto Velho, Rio Branco (AC), Ariquemes (RO), Buritis (RO) e Ji-Paraná (RO). Em 2013, o grupo criou uma indústria de panificação, a Granopan, e, em 2014, uma casa empório, ambas na capital rondoniense. Depois desses investimentos, o empresário viu as suas dívidas crescerem, viraram uma bola de neve e ele pediu a recuperação judicial em 2016. Apenas as dívidas com os trabalhadores, que tem preferência de recebimento, ultrapassa 20 milhões de reais segundo os advogados.

Aos 57 anos, Maria Natália Marinho diz que não consegue recolocação no mercado de trabalho, apesar de participar e ser aprovada em processos seletivos de empreendimentos do segmento varejista. Ela conta que se encontra em dificuldades para se manter e conta com a ajuda de um filho no sustento da casa.

Ela faz parte dos milhares de empregados que, depois de saberem que uma empresa quer comprar as três lojas, reacenderam suas esperanças, mas enfrentam a resistência dos administradores que não querem aceitar a proposta do ofertante e querem efetuar um pregão, sabe-se lá quando, e sem garantias de que encontrarão outro interessado.

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